quarta-feira, 28 de julho de 2010

QUANTO VALE O INTERESSE ESTRATÉGICO NACIONAL?

Concretizou-se, hoje, a aquisição, pela Telefónica, da participação da PT na Vivo.

Depois de a mesma aquisição ter falhado, em 30 de Junho, devido ao uso, pelo Governo, da "golden share" que dispõe na PT. Invocando a defesa dos interesses estratégicos do país.

Quais seriam esses interesses? Presume-se que a importância de manter participação na Vivo, considerando a sua primazia no mercado brasileiro e latino-americano.

Isto porque o conceito de "interesse estratégico" implicará "aplicar com eficácia os recursos de que se dispõe ou de explorar as condições favoráveis de que porventura se desfrute, visando as alcance de determinados objectivos" (Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, Lisboa 2005).

Cabe perguntar, então, o que mudou em menos de um mês, para que o Governo não tenha utilizado, de novo, aquela prerrogativa especial de accionista?

Que se saiba, a importância da Vivo não foi reduzida.

Que se saiba, a permanência da PT no mercado brasileiro continua a ser objectivo da empresa.

Que se saiba (e já se falava nessa hipótese em Junho), a alternativa da aquisição, pela PT, de participação na OI é um "mal-menor", face à perda da Vivo.

Que se saiba, apenas o valor a pagar pela Telefónica à PT foi aumentado em 350 milhões de euros.


Será que se pode concluir, de todo este processo, que os interesses estratégicos nacionais valem 350 milhões de euros?