segunda-feira, 31 de maio de 2010

VANGLÓRIA OU GLÓRIA VÃ?






«Eu fui o primeiro-ministro que mais veio à Venezuela»

terça-feira, 18 de maio de 2010

FINALMENTE, DE REGRESSO

A TVI anunciou hoje ter contratado novamente Marcelo Rebelo de Sousa, depois de cinco anos de ausência, para voltar a fazer comentário político da actualidade nas noites de domingo.

No momento conturbado e de crise que atravessamos, e cuja solução se afigura difícil e longínqua, sem mesmo se saber bem como vai acabar e com que consequências, é bom saber deste regresso e voltar a ouvir o comentário do Prof. Marcelo Rebelo de Sousa.

REALIDADES COMPARÁVEIS?

A propósito da promulgação da lei que permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo, promulgação essa que o Presidente da República fundamentou numa "ética da responsabilidade", o Ministro dos Assuntos Parlamentares proferiu esta afirmação comparativa: "Em tempos históricos, o nosso país já foi pioneiro em matérias tão decisivas de Direitos Humanos como a abolição da pena de morte."

No que respeita a Direitos Humanos, serão verdadeiramente comparáveis
a abolição da pena de morte e o casamento entre pessoas do mesmo sexo?

Em especial quando era possível atingir os mesmos objectivos de não discriminação com outra figura jurídica que não o casamento?






quinta-feira, 13 de maio de 2010

E DEPOIS DO APOIO?

Que o interesse nacional se deve sobrepor ao do PSD já ensinava Sá Carneiro, numa das suas frases mais importantes e actuais, que aqui já reproduzimos, e com a qual nos identificamos plenamente.

É por todos reconhecida a gravíssima situação em que o País se encontra, e que reclama articulação de esforços, sentido de Estado, capacidade de sacrifício e equidade e justiça na sua distribuição, ética nos comportamentos públicos, vistos e intuídos.

Mas será que é mesmo necessário que o PSD apareça como que a co-governar com o PS, assumindo as medidas mais duras, muitas delas em contraciclo com as suas mais recentes práticas e declarações?

Colocando-se perante o Governo PS numa posição que, em termos públicos, poderá parecer indistinta quanto às suas linhas de governação futura?

É verdade que há diferenças substanciais, desde logo na vontade de reduzir a despesa pública que não apenas e só pela redução dos salários dos funcionários públicos (medida recorrente, fácil e que “paga” junto da opinião pública que vê os servidores do Estado como uma classe privilegiada e ociosa…com responsabilidades, é certo, de uma minoria de alguns dos seus membros, que efectivamente não servem o público, antes "se servem do público").

Mas quando este Governo falhar, e quando o PS se esgotar, não é certo que o PSD não venha a ser penalizado por esta proximidade excessiva aos rumos da governação.

E isso poderá redundar em benefício dos partidos mais pequenos, que poderão ver reforçada a sua votação, com consequências na estabilidade governativa e na constituição de uma maioria parlamentar.
Ganhará o país com isso? Creio que não.

Defender a Nação e apoiar os esforços para equilibrar as suas finanças públicas e para garantir a sua credibilidade externa – Sim.

Auto-responsabilizar-se pelas políticas concretas para aí chegar - Não.

PAPA BENTO XVI EM PORTUGAL - FRASES

Hoje, a maior perseguição à Igreja não vem de fora, mas dos pecados que existem dentro da própria Igreja.

O perdão não substitui a justiça. A penitência, a razão, a aceitação, o acolhimento, o perdão que ocorre dar, não satisfazem a necessidade de justiça, porque o perdão não substitui a justiça.

Este é o momento de ver que a ética não é uma coisa exterior, mas interior à racionalidade, ao pragmatismo económico.

(Papa Bento XVI, na viagem de avião para Portugal, 11 de Maio de 2010)

Não é possível explicar Portugal sem convocar as nossas relações com a Santa Sé. Relações que ditaram o reconhecimento da nossa própria existência como realidade política independente, em 1179, e que marcaram a afirmação universal da Nação a que os antecessores de Vossa Santidade chamaram “Fidelíssima”.

Um país onde a separação entre a Igreja e o Estado convive com as marcas profundas da herança cristã presente na cultura, no património e, acima de tudo, nos valores humanistas que determinam o nosso modo de ser e de estar no mundo.

Noutros tempos, dando um contributo precioso para a expansão da fé cristã, abrimos o mundo ao diálogo universal. Somos, por isso, um povo vocacionado para o reconhecimento do valor da diversidade. Uma atitude particularmente adequada a um tempo em que, porventura mais do que nunca, se reclama um entendimento entre o discurso da razão e o discurso da Fé.
(Presidente da República Cavaco Silva, no discurso de boas vindas ao Papa, 11 de Maio de 2010)

De uma visão sábia sobre a vida e sobre o mundo deriva o ordenamento justo da sociedade.

Não se trata de um confronto ético entre um sistema laico e um sistema religioso, mas de uma questão de sentido à qual se entrega a própria liberdade.

A viragem republicana, operada há cem anos em Portugal, abriu, na distinção entre Igreja e Estado, um espaço novo de liberdade para a Igreja.
(Papa Bento XVI, no discurso oficial à chegada a Lisboa, 11 de Maio de 2010)

Ponto de partida, este Rio é também uma porta de entrada e ensinou-nos a acolher quem chega. E chegam muitos, turistas que nos visitam, emigrantes à procura de um país de acolhimento. Recebemo-los como irmãos, com aquele amor que sempre identificou os cristãos. Muitos dos que chegam não são cristãos, praticam outras religiões. Também os acolhemos com amor, aprendemos a respeitar a sua fé, a conviver no diálogo e a descobrir valores que temos em comum. A maioria católica não tira o lugar a ninguém.
(Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, saudação ao Papa na missa em Lisboa, 11 de Maio de 2010)

Em tempos passados, a vossa saída em demanda de outros povos não impediu nem destruiu os vínculos com o que éreis e acreditáveis, mas, com sabedoria cristã, pudestes transplantar experiências e particularidades abrindo-vos ao contributo dos outros para serdes vós próprios, em aparente debilidade que é força.

Sabemos que não lhe faltam filhos insubmissos e até rebeldes, mas é nos Santos que a Igreja reconhece os seus traços característicos e, precisamente neles, saboreia a sua alegria mais profunda.
(Homilia do Papa Bento XVI em Lisboa, 11 de Maio de 2010)

Tanto mais quanto verificamos as dificuldades levantadas à reflexão e à ponderação – à cultura, propriamente dita – pela velocidade, para não dizer a vertigem, com que hoje nos podemos distrair, de tópico em tópico, sem definir nem aprofundar propriamente nada.
(D. Manuel Clemente, Bispo do Porto e Presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, Encontro/Cultura, 12 de Maio de 2010)

Principiarei por dizer-vos ter pensado que as éticas, se não também mesmo as artes, seriam derivadas das religiões que procuram dar uma explicação da existência do ser humano face à sua inserção concreta no cosmos.

Considerando, porém, a religião e a arte, ambas se me afiguram, ainda que de um modo distinto é certo, intimamente voltadas para o homem e o universo, para a condição humana e a natureza Divina.

/…/o NON tira a ESPERANÇA que é a última coisa que a natureza deixou ao homem.

/…/como pertencente à família cristã, de cujos valores comungo, e que são as raízes da nação portuguesa e a de toda a Europa, quer queiramos ou não/…/
(Realizador Manuel de Oliveira, Encontro/Cultura, 12 de Maio de 2010)

De facto, um povo, que deixa de saber qual é a sua verdade, fica perdido nos labirintos do tempo e da história, sem valores claramente definidos, sem objectivos grandiosos claramente enunciados.

A convivência da Igreja, na sua adesão firme ao carácter perene da verdade, com o respeito por outras «verdades» ou com a verdade dos outros é uma aprendizagem que a própria Igreja está a fazer. Nesse respeito dialogante, podem abrir-se novas portas para a comunicação da verdade.

Constatada a diversidade cultural, é preciso fazer com que as pessoas não só aceitem a existência da cultura do outro, mas aspirem também a receber um enriquecimento da mesma e a dar-lhe aquilo que se possui de bem, de verdade e de beleza.

Vós, obreiros da cultura em todas as suas formas, fazedores do pensamento e da opinião, «tendes, graças ao vosso talento, a possibilidade de falar ao coração da humanidade, de tocar a sensibilidade individual e colectiva, de suscitar sonhos e esperanças, de ampliar os horizontes do conhecimento e do empenho humano. […] E não tenhais medo de vos confrontar com a fonte primeira e última da beleza, de dialogar com os crentes, com quem, como vós, se sente peregrino no mundo e na história rumo à Beleza infinita»

Foi para «pôr o mundo moderno em contacto com as energias vivificadoras e perenes do Evangelho» que se fez o Concílio Vaticano II, no qual a Igreja, a partir de uma renovada consciência da tradição católica, assume e discerne, transfigura e transcende as críticas que estão na base das forças que caracterizaram a modernidade, ou seja, a Reforma e o Iluminismo.

Fazei coisas belas, mas sobretudo tornai as vossas vidas lugares de beleza.
(Papa Bento XVI, Encontro/Cultura, 12 de Maio de 2010)

/.../o homem pôde despoletar um ciclo de morte e terror, mas não consegue interrompê-lo”

Com a família humana pronta a sacrificar os seus laços mais sagrados no altar de mesquinhos egoísmos de nação, raça, ideologia, grupo, indivíduo/…/
(Papa Bento XVI, Fátima, 13 de Maio de 2010)

segunda-feira, 10 de maio de 2010

LAICISMO INTOLERANTE?

De acordo com a imprensa, a direcção da bancada parlamentar do PS comunicou que os funcionários parlamentares do partido não terão tolerância de ponto nos dias 11 e 13, concedida por causa da visita do Papa Bento XVI, ao contrário dos restantes funcionários da Assembleia da República e até dos funcionários do PS na sede do Largo do Rato.

Ainda de acordo com a mesma imprensa, a tolerância de ponto tem sido contestada pelo deputado do PS Miguel Vale de Almeida, eleito como independente, e que se tem destacado na defesa das posições mais socialmente fracturantes daquela bancada, em especial o casamento entre pessoas do mesmo sexo. O que pressupõe tolerância dos outros para com as opções de alguns.

Pelos vistos há franjas do PS que confundem o laicismo do Estado, constitucionalmente consagrado, com o laicismo da nossa sociedade, que parece quererem impor.

A nossa sociedade, quer queiram quer não, ainda é e será maioritariamente católica.

E aquelas franjas parecem esquecer, também, que estamos perante uma visita oficial de um Chefe de Estado, que é também o chefe da Igreja Católica.

Esta atitude da bancada parlamentar do PS é ofensivamente gratuita, parecendo mesmo querer fazer guerra política com esta visita oficial.

Veja-se como esta atitude é bem oposta àquela com que a mesma bancada reage a visitas oficiais de outros Chefes de Estado, cujos pergaminhos na defesa dos Direitos Humanos, da Democracia e da Ética estão por apurar.

Esta atitude é a mais pura imagem de laicismo intolerante!

Que deve ser combatida politicamente por quem acredita no valor da tolerância!