segunda-feira, 28 de setembro de 2009

LEGISLATIVAS 2009

As eleições legislativas de hoje, 27 de Setembro, merecem umas breves reflexões.
O PS ganhou matematicamente estas eleições, embora tenha perdido a maioria absoluta, tenha diminuído a percentagem e o número de votos e tenha condicionantes diversas para fazer maiorias absolutas no Parlamento (à esquerda, só juntando simultaneamente BE e CDU; à direita com PSD e PP, juntos ou separados).
Esta vitória constitui, sobretudo, uma prova de tenacidade do Secretário-Geral do PS, José Sócrates, que se empenhou fortemente numa campanha eleitoral de "proximidade".
Como é possível ao PSD não ter capitalizado o ambiente criado pós-europeias? Erros na elaboração das listas e nas escolhas dos candidatos, falta de "killer instinct" no debate entre Manuela Ferreira Leite e José Sócrates, incapacidade de gerir a agenda política, pouca divulgação de medidas para o País, pouca presença de "proximidade".
A história das eventuais escutas também não ajudou, e poderá mesmo ter criado uma fractura insanável entre os militantes anónimos do PSD e o Presidente Cavaco Silva.
O PP consegue um surpreendente terceiro lugar, à frente do BE e da CDU, também aqui quase exclusivamente por força da energia do seu Presidente, Paulo Portas, e aproveitando bem o voto de protesto contra Sócrates (do eleitorado que não se absteve) que, perante algum amorfismo do PSD, preferiu os centristas.
O BE volta a subir e, se não fosse trágico, seria fundamental que começasse a ter funções governativas. É que sendo um partido que cultiva uma postura "justiceira" e de denúncia (Francisco Louçã quase parece retirar prazer de cada vez que denuncia algum caso menos claro), só deixará "cair a máscara" no dia em que tiver de gerir, de decidir e de optar, porque só quem o faz está em condições de errar e de se enredar em situações pouco claras ou mesmo pouco sérias.
Mas no BE não estão todos "os bons" e em todos os outros Partidos todos "os maus". A Câmara Municipal de Salvaterra de Magos tem uma Presidente do BE, que está arguida. Sendo este o único caso em que o BE tem responsabilidades de governo, neste caso autárquico/municipal, é caso para se poder dizer que o BE tem 100% de arguidos a exercerem funções públicas executivas. Bem prega Frei Tomás...
Dito isto, para a saúde da nossa Democracia e dos nossos Partidos políticos, que ainda constituem a sua base, é fundamental que a vida pública e a vida política sejam, cada vez mais, transparentes, sérias e credíveis.
Da CDU esperava-se um melhor resultado, sobretudo atendendo à capacidade de mobilização de rua de que deu mostras durante 2009.
Vale a pena lembrar que PS, BE e CDU juntos não obtêm 2 terços no Parlamento, o que é extraordinariamente relevante numa legislatura em que aquele adquire poderes de revisão constitucional.
Veremos agora como vai correr o processo de formação do Governo, de que forma vai o PSD absorver internamente este resultado, que explicações dará o Presidente da República sobre o caso das escutas, em que medida esse caso vai ter consequências no relacionamento institucional daquele com o Governo e com o PSD, que alianças escolherá o PS no Parlamento e em que matérias, que exigências farão os Partidos da oposição para aceitar essas alianças...
Mas entretanto há mais eleições. Autárquicas. Em 11 de Outubro. E a campanha começou hoje, tendo ficado muito claro qual o objectivo do PS - ganhar Lisboa, mesmo que tudo fique na mesma nos restantes Municípios.
O PSD deve responder fortemente a este desafio, apoiando sem ambiguidades (tipo Maria José Nogueira Pinto) o seu candidato Santana Lopes.
E ainda dizem que a política não está interessante...

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